TEATRO UNIVERSITÁRIO
Texto de
Ricardo Guilherme
Por
iniciativa de B. de Paiva, o Teatro Universitário surge em 1965 de uma reforma
no antigo Teatro Santa Maria (então pertencente ao Educandário Santa Maria),
mantido de 1937 a
1963 por três irmãs da família Ferreira Lima.
Em 1964, a Universidade Federal
do Ceará adquire o prédio (Avenida Visconde de Cauípe, atual Avenida da
Universidade, 2210) e no ano seguinte o transforma em Teatro Universitário ,
anexo à sede do Curso de Arte Dramática (CAD), fundado em 1960.
Com projeto dos arquitetos Neudson Braga
e Liberal de Castro, trabalho cenográfico de J. Figueiredo e Helder Ramos,
orientação de iluminotécnica de Lamartine e Alico e decoração (máscaras) de J. Figueiredo
e Breno Felício inaugura-se o Teatro Universitário a 26 de junho de 1965. Na
estréia, a montagem de O Demônio Familiar, de José de Alencar, sob direção de
B. de Paiva, com elenco integrado por Elizabeth Gurgel, Zilma Duarte, José
Maria Lima, Walden Luiz, Maria Nilva, Adelaide Araújo, Edilson Soares e João
Antônio Campos.
A partir
de então o Teatro da UFC (também conhecido na década sessenta como Teatro de
Bolso), sedia inúmeras temporadas não somente de encenações oriundas do CAD,
mas também de grupos locais, nacionais e até estrangeiros.
Na história de sua arquitetura e do
ponto de vista funcional há algumas reformas, três delas realizadas sob a gerência
de B. de Paiva no período em que Edilson Soares coordena o Curso de Arte
Dramática, órgão gestor do Teatro. A primeira, na gestão do Reitor Pedro
Barroso, é assinalada pela estréia em 27 de dezembro de 1978 da peça Auto da
Compadecida, de Ariano Suassuna, na qual, sob a direção de Edilson Soares,
atuam Ivany Gomes, Mauricio Estevão, Pedro
Marcos Lima e Silva, José Carlos Oliveira, Celso Góes, Raimundo Nonato Lima,
Ione Costa, Raimundo Ivan Moura, Teobaldo Nonato F. Lima, Sandra Wirtzbick,
Deugiolino Lucas, Maria Alice Lima, Maria de Salete Rocha, Maria de Fátima
Queirós, Maria Onésia Macedo, Francisco Roberto M. Lima, Jacinto de Matos
Monteiro, José Maurício Nobre, Francisco de Abreu Dutra e Maria de Lourdes
Nascimento.
A
segunda reforma remonta ao reitorado de Paulo Elpídio de Menezes Neto, com
ampliação do palco, redução da platéia, instalação de aparelhos de ar
condicionado, criação de praça defronte e adoção do nome Teatro Universitário Paschoal
Carlos Magno. Marca essa espécie de reinauguração do Teatro a estréia em 29 de agosto de 1980 de Cantochão Para Uma
Esperança Demorada, texto e direção de B. de Paiva. No elenco, Gracinha
Soares, Edilson Soares, João Falcão, Nadir Papi Sabóia, Zilma Duarte, Ricardo
Guilherme, Lourdinha Martins, Dalva Stela, Valéria Albuquerque, Agostinho Reis,
Betânia Montenegro, Nairo Gomez, Cacilda Vilela, Sandra Wirtzbick e Semiramis Acioly.
Em
2001, nova reforma, com a elevação e inclinação da platéia, bem como a
destruição da praça fronteiriça para a instalação de bancos e palco do chamado
Teatro ao Ar Livre Gracinha Soares. Estréia, então, neste ano em 05 de
novembro, o espetáculo Cancioneiro de Lampião, de Nertan Macedo, direção de B.
de Paiva e interpretação de Ivonilson Borges, Lourdinha Martins, Fernando Monte
Cristo, Gorete Oliveira, Ródger Rogério, Edílson Soares, Manu Morais, Paulo
Olivan, Antônio Sávio, Nando Mendes, Soraia Falcão e John White.
Na
reforma de 2006 (início da gestão de Gil Brandão à frente do CAD) o Teatro
Gracinha Soares deixa de ser ao ar livre e ocupa uma das salas do CAD (com
capacidade para 60 espectadores). Há, conseqüentemente, a recriação da praça
fronteiriça ao Teatro, inaugurada com performances de alunos e atores
convidados. No palco, a 12 de dezembro, apresenta-se O Auto do Divino Nascimento,
de José Mapurunga, com os atores formandos do CAD/2006: Liliana Brizeno, Mariana
Timóteo, Shirley Diógenes, Thaís Dahas, Jander Mendes, Loreta Dialla, Antônio
Leite, Paiva Filho, Marina Brizeno, Camila Cavalcante, Soares Júnior, João
Olmay e Márcia Gabriely, dirigidos por Betânia Montenegro.
Em 2009/2010,
mais uma reforma. Desta vez para, entre outras providências, ampliar o palco.
Com a
aula-espetáculo No Ato, de Ricardo Guilherme, em 18 de fevereiro de 2010,
começam não apenas as atividades do Curso Superior em Artes Cênicas da UFC,
mas também as comemorações alusivas ao cinqüentenário de criação do Curso de
Arte Dramática (1960-2010) e aos quarenta e cinco anos de fundação do Teatro
Universitário (1965-2010).
CURSO DE ARTE DRAMÁTICA
Texto de Ricardo Guilherme
No
final da década 1950, motivado pela programação cultural que testemunhara no
âmbito universitário por ocasião de uma viagem aos Estados Unidos, o Reitor Antônio
Martins Filhodecide criar na Universidade
do Ceará, (posteriormente Universidade Federal) espaços e núcleos de produção
artística. Neste sentido, entre as suas inúmeras realizações, toma a iniciativa
de ensejar a fundação do Curso de Arte Dramática (CAD).
Por indicação de Edmundo Moniz, diretor
do Serviço Nacional do Teatro (órgão federal sediado no Rio de Janeiro) Martins
Filho convida para estruturar e dirigir o curso José Maria B. de Paiva, cearense
que desde 1954 radicara-se no Rio onde integrara a equipe de jovens encenadores
do Teatro Duse sob a direção de Paschoal Carlos Magno.
Ainda
em caráter experimental, o CAD inicia suas atividades em 15 de março de 1960, instalado
no Conservatório de Música Alberto Nepomuceno que então é dirigido por Orlando
Leite e funciona em prédio da Praça Fernandes Vieira (conhecida como Praça do
Liceu, Rua Guilherme Rocha, 1264). Em 22 de agosto do mesmo ano, o CAD transfere-se
para uma casa alugada à Rua Guilherme Rocha, 946. Ali, no tablado de uma
improvisada sala de espetáculos com sessenta lugares, inaugarada entre novembro
e dezembro de 1960, B. de Paiva ministra
aulas de Interpretação, dirige e apresenta dramatizações de textos. Em espaços
contíguos Tereza Bittencourt (bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro)
coordena os trabalhos de Relax e Ginástica Rítmica e J. Figueiredo (João Lázaro
de Figueiredo, artista plástico maranhense radicado no Ceará) dá aos alunos
noções teóricas e práticas de Cenografia.
Em uma ala, no mesmo terreno, mas ao lado da casa, há também uma
arena destinada a ensaios.
No programa
comemorativo do cinqüentenário do Teatro José de Alencar o CAD apresenta a 19
de junho de 1960 sua primeira encenação: Auto da Compadecida, de Ariano
Suassuna, tendo no elenco alunos e atores convidados dentre os quais José
Humberto Cavalcante, Jose Maria Lima, Otamar de Carvalho, Studart Dória, Almir
Teles, Arimatéa Brito, Assis Matos, Nadir Sabóia, Gonzaga Vasconcelos, Leonan
Moreira, Ilclemar Nunes, José Maria Cunha, Marcus Fernandes, João Falcão e
Gracinha Soares (à época Gracinha Figueiredo).
No
ano seguinte, a 24 de fevereiro, pela resolução 101 do Conselho Universitário o
curso é formalmente instituído. Os
primeiros formandos (1963) são José Humberto Cavalcante, Edilson Soares, Marcus
Fernandes, Studart Dória, Aileda Cavalcante, Gracinha Soares, Emiliano Queirós
e Ilclemar Nunes.
Em 1963,
B. de Paiva propõe a adoção de uma sede própria para o Curso de Arte Dramática
e sugere a compra das instalações do Educandário Santa Maria, fundado pelas
irmãs Ferreira Lima como Ginásio nos anos 1930, local que à época dispõe de um
teatro aberto a montagens teatrais dos alunos e a temporadas de grupos locais.
Em 1964, após intervenções arquitetônicas,
o antigo prédio da escola (Avenida Visconde de Cauípe, atual Avenida da
Universidade, 2210,) sedia definitivamente o CAD e, a partir de junho de 1965,
também o Teatro Universitário. Neste endereço conclui o curso em 1966 uma
segunda turma: Walden Luiz, Marcelo Costa, Antonieta Fernandes (Antonieta
Noronha), Francisco Rocha, João Antonio Campos, Maria Zulene Martins e Nilda
Magno.
Com
duração de seis semestres, o CAD ainda nos anos 1960 renova sua grade
curricular e absorve novos professores: História Geral do Teatro (José Humberto
Cavalcante, Carlos Paiva) Voz (Nadir Saboya, Waldemar Garcia e de 1961 a 1967 Marcus Miranda) Música
e Ritmo (Dalva Stela Nogueira Freire), Interpretação (Marcus Miranda, de 1968
ao final dos anos 1970), Expressão Corporal (Hugo Bianchi), Estética (Eusélio
Oliveira) e até Introdução à Linguagem de Televisão (Guilherme Neto).
Na década seguinte, as duas últimas cadeiras citadas são
excluídas e integram-se novos nomes ao corpo docente: João Falcão (História
Geral do Teatro) Edilson Soares (Improvisação), Gracinha Soares (Voz) e Paulo
Tadeu Sampaio (Introdução à Comunicação).
No final dos anos 1970, já com quatro semestres, o curso se reestrutura.
Betânia Montenegro assume a cadeira de Expressão Corporal (1978-2006) e Edilson
Soares se efetiva como professor de Interpretação (até 2005). Em 1979, são
criadas duas matérias: História da Cultura Brasileira e História do Teatro
Brasileiro, ministradas respectivamente
por José Carlos Matos (1979-1982) e Ricardo Guilherme. Este último (também
professor de Elementos de Direção e Teoria do Teatro durante as décadas 1980 e 1990)
coordena de 1979 a 1985 o Ciclo de Leituras Dramáticas (peças
da dramaturgia brasileira e estrangeira lidas por alunos e atores convidados) e
no começo do século XXI o Projeto Segundas
Intenções (aulas-espetáculos, palestras e debates).
Com a morte de Gracinha Soares
(Voz) em 1982, Glória Martins a substitui até meados da década 1990, período em que Ivonilson Borges
rege esta disciplina e Elvis Matos, substituindo Dalva Stela, assume as aulas de Música e Ritmo,
matéria que a partir da segunda metade dos anos noventa passa a ser ministrada
pelo maestro Poti Fontenele. Valéria Albuquerque começa a lecionar a recém-criada
Caracterização Teatral, em 1995. No ano seguinte, Gil Brandão passa a ser
professor de História Geral do Teatro. No binômio 2007/2008, Joca Andrade (Interpretação) e Kelva
Cristina Saraiva (Voz) exercem no CAD o magistério.
Ao longo de seus cinco decênios (1960-2010),
dirigem o CAD: B. de Paiva (1960-1967) Marcus Miranda (julho/1968-outubro/1969),
Dalva Stela Nogueira Freire (1969/1970), J. Figueiredo (anos 1970), Edilson
Soares (do final da década 1970
a 2005) e Gil Brandão (de 2006 à atualidade).
O CAD entre
o final da década de 1960 e o início da seguinte atua vinculado à Escola de
Arquitetura da Universidade Federal do Ceará. Em meados dos anos 1970, porém,
já pertence ao organograma da Pró-Reitoria de Extensão e nesta condição
administrativa se mantém até os primeiros anos do século XXI quando é criado o
Instituto de Cultura e Arte (ICA), e, então, a este órgão fica subordinado.
Durante a década 1990, nova redução
de carga horária no curso. Mesmo com três semestres, o CAD, considerada a
densidade de seu currículo, continua sendo reconhecido pelo Ministério da Educação
e pelas instâncias do Ministério do Trabalho como apto a capacitar e
profissionalizar atores.
Atualmente, tendo o ICA se transformado em unidade acadêmica em nível de
terceiro grau e uma vez criado em 2009 o Curso
Superior em Artes
Cênicas (licenciatura), projeto dos professores Ângela
Linhares, Ricardo Guilherme, Gil Brandão, Orlando Luís de Araújo e Elvis Matos,
o CAD passa a ser gerido pelo colegiado desse novo
curso cuja primeira turma inicia estudos em 2010.
0 comentários:
Postar um comentário